terça-feira, 25 de novembro de 2008

Destilado ou fermentado?

A destilaria do âmago
Transforma a paixão em amizade
Volatiliza os momentos e os sentimentos
No ouvido apenas ecos da insolência, gemidos
Mas se seu paladar pedir mais do mesmo
Fermente no coração e desfrute leveduramente
Do amor.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira de amor

O amor só é cego de verdade
Quando o sujeito ja não vê diferença
Entre Silvia Saint e Silvio Santos

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Rápidas

Mais vazio que sinopse de filme pornô
Só o coração do garçom do bistrô

Mais frio que semblante no metrô
Só o dente que masca escargot

Mais forte que a persistência da lembrança
Foi o trago da Cachaça Esperança

Melhor do que cheirinho de cebola refogada
Só o pós- prazer de não fazer nada.

domingo, 26 de outubro de 2008

Avante

Na queda hostil de uma paixão

O silêncio pertubador

É ironicamente acalentador

Olhos pro horizonte

Do por do sol

Do por do som

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O verde




Se preocupa com as idéias danosas

De quem se preocupa com as ervas daninhas



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quarta-feira, 15 de outubro de 2008

100% off

Há coisas que só podem ser vistas em seu melhor ângulo
Quando estão acabando
O sol se pondo e o dia esvaindo
A mulher indo embora e o perfume sumindo
Toda a jornada nos prepara para apreciar a beleza única do fim
A felicidade em liquidação
Mas corra, é por tempo limitado.

sábado, 11 de outubro de 2008

Trajetória curvilínea

Nossa existência é tortuosa

Assim como as linhas digitais

A impressão que nós marcamos

É a identidade que nós causamos

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O batom

Batom vermelho em bituca de cigarro
É lágrima de mulher desconsolada
Anel no dedo que se recusa a dourar
A idade que chegou ao invés de Hugh Grant
Números lotéricos esquecidos no fundo da bolsa
Linha ocupada em ligação para si
Tudo isso alí jogado na calçada junto com o filtro;
O triste filtro dos sonhos

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

salitre, enxofre, carvão e a missão

Um fósforo se acende lá de fora
Ja sabia qual era a sua missão
Anunciava a eruptiva da girândola
Um bando de bolas de pólvora e seus fardos
Na tênue espera do fim da vida
Ansiosamente aguardando sua viagem celestial
Em saraivada atingir o céu no peito sem dó
Sangria desatada em diversas cores
Evanescência do medo
Efervescência de Apolo

sábado, 4 de outubro de 2008

Problema

Afivelei meu olhar
Com a imponência de quem aperta o arreio de um cavalo
Porém o clima era mais jazz do que bluegrass

E naquele instante surgia minha única chance
De fazer o mundo pausar
Em homenagem a meu momento de absoluta felicidade

Mas hesitei.

Ai se eu pudesse ser criança de novo
Pra contornar os problemas de canetinha
Pra ter dinheiro de mentira
Pra dar selinhos de descoberta
Pra colecionar absurdos
Pra botar fé em bola de gude
Pra cair no poço sem sentir dor

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Soberbo

Sou o feliz habitante do incontinente
Vivo o antagonismo
Quebro a rotina rotineiramente


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sobre o ser e o fazer

"to be is to do" - Kant

"to do is to be" - Nietzche

"be or not to be?" - Shakespeare

"do be do be do" - Sinatra

"(Scoo) be do be do" - Por ele mesmo

O entusiasta

Quem somos nós quando estamos sós?
Certamente um jogo de truco sem blefe
Sem graça e amarrado.
Cheio de defeitos que só nós mesmos curtimos em nossa existência tendenciosa

Quando à caça, digo: Seja o blefe em pessoa, e sem culpa
É muito mais divertido
Fatal mas não por mal
Só nunca seja quem você realmente é
Não funciona, é balela; um mito.
Blefe sendo você mesmo, com personalidade, e se for pego
Não perderá mais do que uns tentos de razão
Em troca, saboreará pro resto da vida o gostinho de ter arriscado

Mas se o seu naipe é ve-e-mente
Ela nunca desconfiará que o cara da dama nas mãos
Na lábia tem o zap que a mantém no coração